A Anistia Internacional revelou, em um relatório recente intitulado “Recharge for Rights”, uma análise das políticas de direitos humanos de 13 grandes fabricantes de veículos elétricos. A empresa chinesa BYD, considerada uma das líderes globais no segmento, foi classificada como a pior avaliada, atingindo apenas 11 pontos em um total de 90 possíveis.
O relatório critica a falta de transparência da BYD em relação à sua cadeia de fornecimento de baterias. A empresa não forneceu informações adequadas sobre seus fornecedores e as práticas adotadas, o que dificulta a identificação de possíveis violações de direitos humanos. Entre essas violações estão o trabalho infantil e as condições precárias na mineração de minerais essenciais, como o cobalto, utilizado nas baterias.
Além da BYD, outras montadoras, como Mitsubishi e Hyundai, também foram alvo de críticas devido a políticas pouco claras e ações insuficientes para mitigar riscos relacionados às suas cadeias de suprimento. Por outro lado, empresas como Mercedes-Benz e Tesla apresentaram melhores pontuações, embora ainda distantes dos padrões ideais estabelecidos por organizações internacionais.
A Anistia Internacional destacou a urgência de maior transparência e de ações mais efetivas por parte das fabricantes de veículos elétricos. O objetivo é proteger os trabalhadores e as comunidades afetadas pela extração de materiais usados na produção de baterias. A organização também enfatizou a importância de um mapeamento completo das cadeias de fornecimento e o cumprimento de diretrizes internacionais que respeitem os direitos humanos, especialmente os dos povos indígenas.
Em resposta às críticas, algumas empresas apontadas no relatório afirmaram que estão implementando mudanças para melhorar suas práticas. A Mitsubishi, por exemplo, alegou que o estudo utilizou dados de 2023 e que desde então adotou medidas como o uso de tecnologias para monitorar fornecedores. Já a Nissan reafirmou seu compromisso com os direitos humanos e a conformidade com leis e normas aplicáveis.
O relatório reflete a crescente pressão sobre as montadoras para adotarem práticas mais éticas e sustentáveis, alinhadas tanto à proteção ambiental quanto à defesa dos direitos humanos. A transparência nas cadeias de suprimento e a responsabilização por impactos sociais tornaram-se demandas essenciais em um mercado cada vez mais atento à sustentabilidade e à ética corporativa.